Incentivando a Educação: O Planalto Central antes do DF

Gostei muito desta reportagem que tenta mostrar como era o Planalto Central antes do DF. Ela está em foto abaixo, mas fiz uma reprodução na postagem para facilitar a leitura do texto que ficou pequeno na cópia do jornal. Aproveitem:

A imagem de um cerrado virgem desbravado por Juscelino Kubitschek e pelos pioneiros é sedutora, porém injusta. Se, por um lado, esses corajosos homens largaram a segurança da terra natal para se aventurar por um planalto até então estranho ao restante do Brasil, por outro, eles não foram os primeiros a pisar nessas terras. Na região onde hoje é Brasília, há séculos a vida se desenrolava, com cultura e identidade próprias.

A capital foi costurada com retalhos de três municípios: Luziânia, Planaltina e Formosa.“Essas cidades têm

mais de 200 anos, sendo que Luziânia é ainda do ciclo do ouro. Em Planaltina, estava a Fazenda Bananal e o atual Plano Piloto, e a área rural da Planaltina de hoje pertencia a Formosa. Os municípios têm suas terras desapropriadas e é nesse caldeirão que a cidade nasce”, explica o superintendente do Arquivo Público do DF (ArPDF), Gustavo Chauvet, autor de dois livros sobre a história antiga de Brasília.Chauvet lembra que, por onde fica o DF, passavam dois trechos da Estrada Real, caminhos abertos pela Coroa Portuguesa durante o período colonial, no litoral e no interior do Brasil.A Chapada da Contagem, no Lago Oeste, era um posto real para contar pessoas e bens que circulavam pelo local.Muito antes de JK, a futura capital

do país já era movimentada. “Nos séculos 18 e 19, existia uma efervescência cultural nessa região,uma vida

citadina com estados, fazendas, igrejas… A identidade de Brasília não pode ser dissociada dessa população”, ressalta Antônio César Caldas Pinheiro, diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC) da PUC-Goiás. Testemunha desse passado, o historiador

e comandante de armas de Goiás Raimundo José da Cunha Matos (1776-1839) registrou as impressões

sobre Luziânia no livro Itinerário do Rio de Janeiro ao Pará e Maranhão pelas províncias de Minas Gerais e

Goiás. Ele descreve a cidade como “grande arraial (…), o mais extenso da província, com quatro ruas principais, 278 casas, boa cadeia e casa de conselho, magnífica igreja paroquial”, e destaca que lá há “muita indústria de tecelagem, excelentes frutos e os melhores marmelos da província”. Mesmo as cidades goianas mais distantes de Brasília estavam inseridas no contexto do território em que se construiu o Distrito Federal. Faziam, inclusive, parte da mesma sesmaria. “As estradas antigas já interligavam toda essa região. Não cabe interpretar a Brasília de hoje de forma geográfica, não podemos pensar Brasília só no sentido territorial”, observa o historiador EliasManoel, gerente de Núcleo de Documentação Cartográfica e Iconográfica do arquivo.